Ele entrou no café, se sentindo cansado, desgastado e incrivelmente velho. Não deveria ser certo alguém com 26 anos se sentir assim, mas ele sentia. Pediu o de sempre e se sentou em uma das mesas solitárias próximas a janela. Ao redor estavam todas aquelas pessoas de rostos vazios e com muitas histórias para contar, ele odiava essas pessoas. Por que não podiam ser eles mesmos ? Por que ninguém sorria ? Por que tinham tanta pressa de passar pela vida sem nem ao menos sentir o gosto de um bom café pelo qual pagavam ?
Ele olhou para fora, tentando ignorar o mal estar fornecido pelo ambiente lotado de pessoas vazias. Na rua tudo era o mesmo só que de forma mais frenética. Os carros passavam, a chuva batia no asfalto, um cachorro latia, um homem xingava, o barulho das buzinas aumentava...
Ele fechou os olhos. Respirou fundo. Balançou a cabeça. Tudo o que realmente queria era alguém. Alguém com quem conversar, compartilhar ideias reais e que faziam sentido, não aqueles pensamentos fúteis que pairavam sobre a cabeça de cada um ali. Principalmente, ele queria alguém para quem sorrir.
Ele bebeu seu café, olhou para o relógio – hora de voltar ao trabalho. Ele pagou a moça entediada do caixa, ajeitou o casaco e se preparou para encarar a chuva. Mas não o fez.
Ela entrou no café, se sentindo viva, alegre e incrivelmente jovem. Deveria ser certo alguém com 22 anos se sentir assim, e ela se sentia. Pediu o de sempre e sentou na mesa que antes era ocupada por ele. Ao redor estavam todas aquelas pessoas, ainda extremamente vazias, e ele, que finalmente havia encontrado alguém para quem sorrir.
Alice Della'Acqua
Nenhum comentário:
Postar um comentário